Vou dilacerar as vertigens terrenas,
Cravar na carne a putrefacção,
Enlamear a raiva existente
Dispersando-a numa visão persistente,
Que não escapa...que não corre,
Permanece simplesmente...
Furiosa, diluída neste mundo.
É a loucura consciente,
Dispersando as suas entranhas,
As entranhas de um corpo demente,
Impetuosamente esfaqueado por turbilhões,
Estalando ossos, rompendo tendões,
Esperando avistar a implosão do sentido...
...NUNCA! Nunca perdido, apenas esquecido!
E a dor perpetua-se...
E a dor esmaga...
Cria um demónio escondido,
Um assassino fugido,
Alimentado por um sangue imundo
Caído do escuro, vindo das sombras,
Nascido da Ira!
E a demência deste mundo afoga-me!
As suas vísceras apertam-me...
Sufocam-me...contaminam-me...!
Dissecam cada pedaço de mim,
Dilaceram esta carne que eu sinto,
Esta carne que eu penso sentir...
Tudo o que vejo é sangue...
Não batalhas, não doenças...
Mais profundo que isso...
É o sangue que se esconde na terra,
Que se esconde no céu,
Que se abriga no universo...
Que surge no meu olhar perverso,
O olhar de um assassino,
Um assassino controverso....
Que jamais será compreendido...
Jamais irá compreender...
Julgam-no perdido...
Mas ele nunca, nunca irá morrer!
3 comentários:
Gosto da profundidade com que escreves. Gosto da sensação de 'aflição' que tenho ao lê-lo.
Gosto.
Mas gosto mais ainda de ti.
Talvez o mais sombrio de todos os poemas, com o sujeito poético a trazer à liça todos os seus demónios, numa exposição visceral, crua, de uma crueldade objectiva sem freio, num relato carnal que não admite eufemismos pacificadores. Pelo contrário, a demência imagética das evocações subjectivas avança ao longo do poema em rasgões destrutivos, face aos quais o último verso funciona também como grito final de alguém que se recusa a sucumbir.
Só li este há coisa de meia hora... Agora ainda percebi melhor o porquê de me teres perguntado se o necessidade tinha surgido enquanto espreitava por aqui...^^
Sim... Assassinos! =D
(repare-se no pormenor do smile tão feliz perante tal afirmação xD)**
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