Quando as ilusões fluíam,
Voando por vagos caminhos etéreos,
Constantemente sufocadas,
Presas... consumidas por mim,
Quebrava a futilidade de um futuro imponente...
Decadente... talvez dependente?
Não sou eu... Não existo aqui...
Convergi? Elevei-me? Talvez...
Procurando aquelas torrentes de ouro
Difusas num sangue que não o meu,
Incertas, subjectivas, plenas de certezas minhas.
O céu lá permaneceu...
Envolto na minha mente...
Sempre presente...
Vagarosamente o meu corpo estilhaçando,
Globos plenos de sonhos formando...
Fugazes? Frágeis? Nunca concretos...
...mas libertos, para as torrentes fugindo.
Comprimido por incertezas e vazios,
Moldo futuros ocos, corroo a razão,
Pinto o sentido de uma verdade provável,
Mas para todo o sempre vulnerável.
4 comentários:
Depois do Sem Rumo, a Voz do Sangue será Voz de um espírito Sem estado?
A cronologia deste blog não corresponde à cronologia lírica, mas deixo-te na liberdade da subjectividade intelectual. =]
Nao sufoques as tuas ilusões. Nao apanhes uma indigestão delas. Consome-as aos bocadinhos, aos poucos. Saboreia-as. A ilusão não é má, é boa. Não é um escape. É só uma realidade um bocadinho mais distante (mas paralela) àquela "realidade" em que te encontras "envolto".
Depara-se-nos aqui uma poesia onde se assume uma violência vocabular progressiva, a busca individual não conduz ao apaziguamento do "eu", antes levanta questões insolúveis, sobrevalorizadas pela hipérbole ("o meu corpo estilhaçando"), pela antítese ("Incertas...plenas de certezas"), pelo disfemismo ("torrentes", "estilhaçando"). O poema torna-se, ele próprio, uma gradação rumo a um clímax que nada nada conclui, pelo que tudo é deixado em aberto.
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