O forno pálido não escreve bolos, decora a receita.
Esta lei é desleal, pensei eu, é uma assassina do bom senso!
Peguei no molde fixando o conformismo que pauta o meu andar, o meu trémulo agir.
Ontem perdi o norte, quando, numa duna escondida na praia, fui apedrejado pelas palavras feridas de um toque.
O toque sorriu, fugiu, voou, pairou e voltou.
Juntos pescámos o sol, queimámos a sede oprimida das lágrimas, alimentámos o tempo, para que o seu fogo apagasse o adeus.
Tanta luz...! Já acabou?... Mas e o bolo...?
Queimei a receita...
...Para quando o toque voltar.
sábado, junho 9
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
=(
Como sempre, neste estilo de regozijo vocabular, texto belíssimo!
Muito muito bonito... adorei ler*
Ganha forma, iniludivelmente, um novo encaminhamento do percurso poético do autor, prefigura-se uma dinâmica expressiva que, sem renegar a sua matriz identitária, envereda por novas apostas formais, reconhecíveis já em "Gerbera", "Palavras cheias de nada", ou "Prensa".
O amadurecimento literário é perceptível na crescente desenvoltura semântico-estilística dos enunciados, onde continua a marcar presença a ênfase assindética, mas onde ganha maior abrangência a fusão percepcional da sinestesia, a valorização sensorial da imagem, a coisificação alegórica dos conceitos abstractos.
Interessantíssimo!
Não fui eu que escrevi isso mas só revela, como já te tinha revelado aquando de minhas análises, o interesse da tua escrita.
Man, go with it!
Enviar um comentário