terça-feira, junho 19

De Verde

Esqueço-me,
Algo foge e mancha.
E lamentar o perfeito,
Sempre correr e parar.

Num campo de Farto-mes,
Colho o oco de um espelho,
Cortou a imagem de um pensamento,
E esse pensamento caiu,
Varreu o solo e as nuvens.

Irá pecar, se não pecou.
Chorou sem chorar.

Vem a soletrar.
Soletra, sem pensar
Num sentido, vazado,
Proclama o fim de um destino,
O Sim calado.

2 comentários:

Anónimo disse...

A diluição da memória no reconhecimento imagístico da estrofe leva o sujeito poético a assumir a inevitabilidade do distanciamento do "perfeito" como destino último, mas esse caminho, ermo e de sentido único, antevê, no "sim calado", a refracção do pensamento por outras derivas de pecado (atente-se no quiasmo da terceira estrofe), mas também de redenção.

The Artist disse...

Falou e disse! :-)