terça-feira, junho 3

A Espera

Não é o começo...
É a força que induzimos
Num toque de sentimento.
São lágrimas efusivas
Que largamos em forma de ligamento.


Não queremos a espera,
Tão menos o tormento...!
Mas é este andamento
Que nos faz viver.
A pura e espiritual simplicidade,
Somente o desejar de um momento
Sem o qual não poderemos morrer!

Como detesto o que escrevo!!!
Nada disto é real!
São palavras sem nexo
A um ritmo vertiginal!
E quando olho para o que escrevi
Pergunto-me se, por alguma razão,
O sentido perdi...
Pergunto-me se a calma, por fim,
Reina em mim...
E, então, reparo que o tormento
E a vida, já não moram
Aqui...

3 comentários:

Anónimo disse...

A espera que o título anuncia não consubstancia qualquer sentido para a acção, é um tempo abúlico,de vontade liquefeita. Neste poema de natureza dialéctica é a epopeia do negativo e da negação que perpassa e, como referiu Eduardo Lourenço relativamente a Álvaro de Campos, "o sentimento da existência como absurdo radical". Absurdo que acaba por anular a fruição artística do criador ("Como detesto o que escrevo"), a escrita como intelectualização da própria realidade.

Irina disse...

Mais do que gostar, senti-o como se fosse meu...

E, para mim, uma das muitas coisas q tornam tão especial o acto de escrever, é descobrir que há pessoas que se identificam com as nossas palavras. * * *

Anónimo disse...

plágios do Pessoa hein :]
bastante negro (daria uma bela música aos Editors) e com um toquezinho de sufoco interior.

cheers*