quinta-feira, abril 12

Vontade Profunda

Não sei...
Já me questionaram,
Essas vozes rebeldes do universo.
Não soube responder...
Não soube entender...

E sofri,
Com a possibilidade de poder relembrar,
Voltar a sentir a podridão que nunca senti.
Pois que seja! Pois que surja!
Que venham em plumas pesadas!
Que se abatem sobre nós
Contaminando os nossos sonhos!

...Imperadores modernos...
Amam a vida,
E por isso o mundo amam.
Mas não basta amar o mundo
Para que ele se entregue a nós,
É preciso conquistá-lo.

Fiz um trato com o sangue,
Que ele não afogasse a sanidade,
Que ele não te visse
Como o fruto de uma verdade...
Mas é do sangue que se trata,
Esse imperador moderno,
Essa pluma pesada,
Essa voz rebelde do universo!
Que teima em existir,
Que teima em perverter
A minha mente juvenil...
Juvenil?... Não enganes o tempo,
Engana-te a ti próprio!
Abraça a triste imagem que te rodeia
Erradicando as dúvidas que de lá advêm.

Não me perguntes porquê,
Não vale a pena descansar,
Não vale a pena continuar.
Tudo por um nada perdido,
Um nevoeiro inerte alastrando pelo mar
Um vento campestre atingindo o limiar.

Porém é belo o mundo...
É bela a futilidade inexplicável da vida...
É inspiradora, à sua maneira,
A essência do teu olhar pouco profundo...
Isento do sonho de quem te olha,
Fundido a outra íris ilusória.

E são tantas as histórias sorridas!
Imagens da debilidade adquirida...
...Que sangra pelos lábios d’uma asa partida...
São tantas...são tantas as fábulas!
Rótulos revoltados
De uma inexplicável soturnidade...
São imensas...infindáveis as folhas!
Tentativas supérfluas
De manipular a realidade...

Não chorarei à indeterminação,
Não ficarei envolto nesta densa confusão,
Sofrerei para sempre...
Degradado pela tua vontade,
Degradado pelo teu toque -
- Morto por ti.

Vivo por ti.

4 comentários:

Anónimo disse...

I
Qualidade para ires mais além, mais que um blog, uma publicação?
É tentar. Força!

JorgeMiguel

Catarina disse...

É um poemo mesmo ao teu estilo (sim, tu tens um estilo!). Sobre 'a futilidade inexplicável da vida' de que já falamos tantas vezes...
Intenso, profundo, terreno, inquietante.
Não vivas nem morras por ninguém. Só por ti, Miguel.

@

Catarina disse...

edit: poema =)

Anónimo disse...

"Vontade Profunda" é também, e mais uma vez, uma busca, mas uma busca de forte carga metafórica ao interior mais profundo do indivíduo. A percepção do mundo, da realidade não se obtém a partir de qualquer contemplação exterior facilitadora, é, acima de tudo, fruto individual da vontade, e essa vontade férrea deve recusar deixar-se manipular. Só assim atingirá a verdade última das coisas, o verdadeiro sentido da vida.